quinta-feira, 16 de agosto de 2012

SALVE PROFETA GENTILEZA!


O "bicho-humano" é extremamente complicado. Cada um carrega uma serie de pré-supostos com sigo e nem sempre enxergamos o quanto afetamos ao próximo através de nossas atitudes impensadas ou não. Se cabe aqui minha humilde opinião, deveríamos todos ser adeptos de um dos exercícios mais difíceis da vida, o de se voltar para o umbiguinho, com sabedoria e humildade suficiente para assumir os nossos erros e fraquezas ao menos uma vez por dia. Que nossa ignorância não permita que aqueles que nos tem apreço se afastem em virtude de nossos atos ou maus hábitos, pois nunca sabemos quando o calo vai apertar. E ele sempre aperta!
Saber calar, assim como ser tolerante, é sem sombra de duvida uma virtude, pois somos todos falhos e não ha muralha que não se quebre sobre grande pressão. Toda via (mesmo sem nunca ter sido de acender vela aos domingos e bem longe de ser uma devota cristã), acredito muito naquela "máxima", infelizmente já batidinha, que minha avó sempre repetia "Trate os outros como você gostaria de ser tratado sempre”.
Ninguém tem culpa por sua mala estar tão carregada, mas talvez, se você não for tão arrogante com os seus colegas de vôo, eles até poderão te ajudar a carrega-la, tornando seu peso infinitamente mais leve e possibilitando desta forma, que todos embarquem bem neste “enorme avião”.  
                               

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O Velho Muchacha


No último domingo, estava eu zapeando entre canais, esperando ser atingida pelo sono que nunca vem antes das 2 da madrugada. Quando me deparei com uma curiosa figura que estava sendo entrevistada por Marília Gabriela no “De Frente Com Gabi”. Pra minha sorte o programa tinha acabado de começar e pude ver assim, toda a sabatina que Gabi fez com o cartunista Laerte Coutinho. Pra quem não sabe de quem se trata, o cartunista é famoso por suas tiras em revistas e jornais desde a década de 70, com suas figurinhas carimbadas como Piratas do Tiete, Overman e Suriá. A mais ou menos dois anos, o cartunista tem vindo a publico, sem medo de ser feliz travestido como mulher. Ele diz não se tratar de uma nova identidade, mas sim de um estilo de vida adotado, intitulado crossdressing, que exterioriza seu lado feminino.
O que mais me chamou a atenção nessa entrevista foi em especial, como o tema foi abordado e destrinchado (se assim for possível dizer) abertamente com a maior naturalidade do mundo, tanto por Marília Gabriela quanto por Laerte, que pode falar desde assuntos tão sérios como preconceito, auto-aceitação e bissexualidade até os critérios que usa na hora de escolher o que vai vestir.
Já havia visto outras entrevistas com ele em alguns programas, mas todas tinham como “primeiro plano” o lançamento de um determinado livro, ou a participação do cartunista dentro do mundo das charges. Claro que entre um assunto e outro, como não se poderia ignorar, Laerte era questionado muito delicadamente sobre sua nova atitude, se pretendia mudar de sexo ou algo parecido. Ele respondia sempre com muita educação e desinibição, mas os entrevistadores não iam muito além com as perguntas, aparentemente tentando evitar maiores constrangimentos.
Constrangimentos para quem, eu não sei! Mesmo até porque o próprio Laerte se mostra completamente resolvido com a sua escolha. Me espanta que a imprensa trate esse assunto com tantos “dedos”. Verdade seja dita, o cartunista não era chamado pra dar entrevistas há muito tempo. Passa a usar cabelos cumpridos, unhas pintadas, maquiagem, jóias e roupas femininas e logo é chamado pra uma aparição atrás da outra na TV, e apesar disso ninguém tem coragem o suficiente de perguntar o que todo mundo quer saber.
Parabéns ao programa da Marília Gabriela por ir mais além de forma tão sincera e respeitosa para como o convidado. Isso deveria servir de exemplo para uma sociedade arcaica que ainda nega-se a tratar com naturalidade as diferenças entre os indivíduos sejam elas quais forem. Tudo o que possa fugir a um devido padrão continuará a causar espanto ou repulsa em muitos enquanto tais assuntos ainda forem abordados como tabu pela mídia.